Gerenciamento de Riscos ESG para o Mercado Imobiliário e de Turismo

Há mais de 20 anos a Ambiens Sustentabilidade Integrada atende aos setores dos ramos  imobiliário e de turismo no Brasil, nas áreas de gestão socioambiental. Atualmente estes setores representam mais de 80% dos nossos clientes, razão pela qual tomamos conhecimento do  exitoso trabalho desenvolvido pela ADIT, o que nos levou a associação ao grupo.

Através da expertise adquirida nesses mais de 20 anos de atuação, além dos levantamentos direcionados a gama de oportunidades e riscos atrelados a esses dois setores, onde inicialmente as ações limitavam-se aos estudos para licenciamento e conformidade ambiental agregando nestes, a gestão de riscos socioambientais e resolução de conflitos.

No cenário atual, considerando as demandas do mercado tornou-se preponderante em nossos estudos a inclusão do desenvolvimento de ações estratégicas de negócios, cada vez mais atrelados às áreas de Governança, Gestão de Riscos e Compliance (GRC), visando sobretudo prever e monitorar os fatores que impactam diretamente o desempenho econômico-financeiro da organização nas diferentes esferas incluindo a Social e de Governança.

Deste modo as obrigações legais e as análises de risco de investimentos, as empresas têm que lidar também com o fator da imagem perante seu público consumidor, sociedade e demais stakeholders. O setor imobiliário e o de turismo, necessitam ter sua imagem alinhada com práticas de sustentabilidade socioambiental, não só pelo papel que representam no setor produtivo, mas também como um diferencial competitivo de suas marcas nacional e internacionalmente dada a relevância do assunto pelos clientes. Imóveis e turismo tem uma imagem de venda ligada a qualidade de vida que está obviamente intrínseca a qualidade ambiental.

Praticamente todas as empresas do setor abrangido pela ADIT já passaram por situações de risco na área socioambiental que culminaram em prejuízos, desde prazos longos de licenciamentos, passando pelas alterações de projetos, até cancelamento de contratos e embargos de atividades. Abrir uma linha de discussão compartilhando experiencias vividas e discutindo modelos gestão ambiental e gerenciamento de risco se coadunam perfeitamente com a missão, visão e valores da ADIT para com seus associados.

Além disso é essencial estar atento às demandas que impulsionam essa temática, não somente do lado dos investidores, acionista e órgãos reguladores, mas considerando também toda a sua cadeia de suprimentos e de stakeholders materiais, que avaliam de forma holística os aspectos ambientais, sociais e de governança (definidos pela sigla em inglês ESG), e influenciam de forma ampla o impacto reputacional e financeiro de uma organização.

Ainda no âmbito global, as autoridades europeias que atuam na vanguarda dos temas relacionados à sustentabilidade e que supervisionam o setor financeiro vem constantemente apresentando avanços regulatórios direcionados para bancos, seguradoras, segurados, gestores de recursos e fundos de investimento. Com esse avanço, entre as obrigações estão incluídos: o reporte  sobre as características e objetivos dos investimentos,  descrição de política de diligências, avaliação de indicadores e análises de prejuízos significativos.

Seguindo a mesma linha, no âmbito nacional a tríade social ambiental e climática também ganha relevância com aplicação de novos pacotes de resoluções direcionadas as mais  relevantes instituições:

Banco Central do Brasil (BACEN)

Em  2021 o BACEN emitiu o Edital de Consulta Pública n° 85/2021, indicando um conjunto de propostas normativas para o aprimoramento das regras de gerenciamento de riscos em ESG (incluindo os riscos sociais, ambientais e climáticos aplicáveis às organizações autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil) em conjunto com o Conselho Monetário Nacional (CMN).

Bolsa Brasileira de negociação no mercado de capitais (B3)

Possui diversas iniciativas sobre o tema,  e possui índices compostos por ações de empresas que adotam a política ESG, tendo publicado em 2017 um guia de sustentabilidade sobre oportunidade de negócios no setor de intermediações.

Superintendências de Seguros Privados (SUSEP)

A SUSEP indicou que os temas ESG farão parte do plano de regulação do exercício a partir de 2021.

Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA)

A AMBIMA já realiza diversas ações  com o objetivo de promover os critérios de fatos de risco ESG nos processos de investimento.

Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

Através do normativo SARB instituiu a criação e implementação de uma política de responsabilidade socioambiental, com o objetivo de formalizar diretrizes e procedimentos para incorporação de práticas de a avaliação e gerenciamento de riscos socioambientais.

Os riscos ESG variam muito, porém essencialmente incluem aqueles relacionados à mitigação e adaptação dos impactos das mudanças climáticas, práticas de gestão ambiental, questões como violência, gênero, racismo, segurança e condições de trabalho, respeito aos direitos humanos, ações antissuborno, corrupção e conformidade com as leis e regulamentos relevantes.

O investimento responsável também deve considerar os impactos das macrotendências, diretrizes voluntárias, regulamentos emergentes, afim de antever impactos e rendimentos a longo prazo. Ao aplicar os fundamentos tradicionais à gestão de riscos ESG, através do atendimento às normas em vigor,  controle apropriados e precisos, aliados a comunicação transparente, as empresas alcançam melhores posições, respondendo de forma mais ágeis as possíveis ameaças e intervenções regulatórias.

Em termos gerais, quanto mais alta a pontuação das métricas ESG, maior a probabilidade de um empreendimento/atividade resistir a riscos financeiros de longo prazo, aderir a inovação e agregar valor ao seu produto e/ou negócio ao tempo em que fornecem uma base mais sólida de resiliência em face de incertezas futuras.

De um modo geral, o processo de gestão de riscos ESG consiste em ferramenta analítica específica, porém semelhante a qualquer outra, variando de empresa para empresa e, levando em considerações variáveis como: probabilidade,  gravidade, características, causas e, impacto permitindo por fim catalogar os riscos como críticos, vitais ou secundários. A gestão de risco ESG deve modelar ainda, conforme suas características intrínsecas, tais como: indústria ou setor, geografia, clima, tamanho de capitalização de mercado e outras dinâmicas. Essa ferramenta analítica deve ser revisada e atualizada constantemente de modo a abarcar as novas mudanças de cenários enfrentados.

No contexto geral, mesmo que haja investimento num primeiro momento, é fundamental ter visão de longo prazo. O que parece ser um alto investimento a curto prazo, pode se tornar uma decisão com maior perenidade, estabilidade e futuramente mais competitiva. As instituições financeiras já demonstram maior disposição na alocação de recursos  para negócios que detém formas produtivas mais conscientes e responsáveis a longo prazo.

Benefícios comerciais obtidos através do gerenciamento de riscos ESG:

  • Maior lucratividade: garantindo um produto e/ou serviço mais atraente para os consumidores.
  • Maior atratividade por investimentos: as organizações que gerenciam bem seus riscos ESG são aquelas com maior probabilidade de atrair os principais investidores.
  • Diferenciais competitivos diante de mudanças constantes:  Evidenciar vulnerabilidades e incertezas, torna o negócio mais seguro, resiliente, sustentável e perene.
  • Aprimoramento de recursos: Identifica os pontos de redução de despesas operacionais e melhor direcionamento de recursos.
  • Retenção de talentos:  contribui com a retenção de talentos engajados com o propósito da empresa e o ambiente que que trabalham.
  • Maior Produtividade:  aspectos ESG impactam diretamente no bem-estar e entusiasmo dos colaboradores, como saúde, segurança, horas de trabalho e inclusão – contribuindo para a motivação e a produtividade dos colaboradores, incutindo entusiasmo no desenvolvimento de suas tarefas.
  • Reconhecimento de oportunidades:  as empresas com visão de futuro geralmente ganham vantagem em um mercado competitivo.
  • Conformidade regulatória proativa: redução de intervenções legais e melhorias nas regulamentações aplicadas ao setor.
  • Imagem e Reputação: a imagem e reputação positiva de uma organização se torna um fator de escolha para um público cada vez mais seleto e informado.

Conforme descritos anteriormente, são inúmeros os riscos que podem gerar impactos negativos em uma organização, de acordo com as condições intrínsecas de ambiente e atuação em que estão posicionadas:

  • Riscos reputacionais através da perda de valor de mercado, por práticas não aceitáveis ​​pela sociedade, relacionadas à ética, moral, sustentabilidade, comportamento discriminatório entre outras.
  • Risco financeiro: as empresas que apresentam maior desempenho operacional são aquelas que adotam práticas robustas de sustentabilidade.
  • Risco operacional: atrelado ao dia a dia da empresa,
  • Risco regulatório: as empresas que não cumprem com suas normas ambientais são passíveis de terem suas  atividades suspensas, sendo ainda passíveis por arcar com autuações e processos judiciais, além do pagamento de altos valores em multas.
  • Risco contratual:  a redução de produtividade ou suspensão de atividade acarretam no risco do não cumprimento fiel do contrato, comprometendo as entregas de produtos ou serviços.
  • Riscos ambientais: Gerenciamento de materiais perigosos ou elementos químicos, emissões de substâncias tóxicas, terrorismo, ataques cibernéticos nas redes e no acesso aos dados, entre outros.
  • Riscos sociais: Violações de segurança ou problemas de qualidade do produto, violação dos direitos humanos, assédio ou redução na manutenção de ativos e de pessoal, por exemplo.
  • Riscos governamentais: inclui os valores e políticas da empresa, processos internos, documentação e supervisão, além de documentações e incidentes de segurança.
  • Risco de turnover: a empresa que não adota o indicador social para a qualidade de vida dos colaboradores, sofre com prejuízos financeiro devida as novas contratações, capacitações e novos processos seletivos.
  • Risco de falência: em caso extremo, empresas que não se atentarem ao ESG, provavelmente serão atropeladas e perderão seu espaço no mercado.
  • Risco de transição: relacionadas as perdas pela não transição para uma economia de baixo carbono.
  • Riscos Climáticos:  relacionado ao despreparo frente as condições ambientais extremas (situações de inundações, tempestades, geadas, incêndios, entre outros).

 Percebemos há muito tempo que as questões socioambientais passaram de passivos a ativos econômicos e de competitividade, desde que, bem geridos. Acreditamos que a ADIT através de um fórum específico possa ser a indutora de discussões que possam conectar, fomentar e desenvolver a temática de sustentabilidade e as boas práticas de gestão ambiental/social/governança. Estamos a disposição para auxiliá-los nesta demanda que será de grande valia na gestão de empreendimentos imobiliários e de turismo.